Viticultura

Viticultura Heróica

Publicado em 26 de dezembro de 2020
Atualizado em 01 de abril de 2023
Tempo de Leitura 2 mins. de leitura
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Falamos sempre das condições “ideais” para que uma vinha dê origem a uvas para um vinho de qualidade. O critério mais abrangente é o de latitude: a produção vinícola se dá geralmente entre os paralelos 30° e 50°. Fora destas regiões, o clima provavelmente será muito frio para que uma videira sobreviva, ou então muito quente para que haja um equilíbrio entre amadurecimento, desenvolvimento de aromas e acidez. 

Dentro das zonas “aceitáveis” de latitude, há ainda muita variação de condições, seja pela geografia – altitude, proximidade do mar, montanhas – ou por detalhes como declividade do terreno, disponibilidade de água, exposição solar, tipo de solo… Há lugares em que a conjunção de alguns desses elementos leva a condições harmônicas e ideais para o cultivo de uvas. Mas é divertido também observar casos onde as condições para um viticultor são extremas e aparentemente proibitivas para o cultivo, mas ainda assim surgem vinhos incríveis. 

Alguns desafiam os próprios extremos da latitude. Por exemplo, a região de Ahr, na Alemanha, é a que está mais ao norte no mundo para o cultivo de uvas tintas, na latitude 51°. Lá, onde teoricamente seria muito frio para isso, um microclima quase mediterrâneo e vinhas em encostas íngremes orientadas ao sul garantem um grande êxito da Pinot Noir. Em outro extremo, algumas partes do sudeste brasileito que estão na redondeza da latitude 22° produzem os vinhos de inverno em solos graníticos. Os produtores estão investindo em uvas como a Syrah, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Pinot Noir, Sauvignon Blanc, Chardonnay e Viognier. Fora da zona ideal de latitude para vinhos, o sucesso ali é garantido por altitude (entre 700 e 1.300m) e um sistema de cultivo que envolve uma poda no verão e a colheita durante o inverno.

No Chile, há também uma crescente exploração dos extremos de latitude, tanto ao norte como ao sul. Ao norte, já vemos vinhos excelentes sendo produzidos próximos ao deserto do Atacama, onde a falta de água e as temperaturas são extremas. No caso do Vale do Elqui, a compensação se dá via altitude, que também chega a níveis extremos (mais de 2.000m acima do nível do mar). Em regiões dentro do deserto, como Huasco, não há altitude e a extrema secura é compensada em parte pela proximidade do Pacífico.

E podemos seguir nesta lista, com exemplos de lugares onde os produtores são verdadeiros heróis, como em Santorini/Grécia (ventos extremos), Priorat/Espanha (calor e terreno acidentado) e muitos outros.

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