Qual a relação entre solos de ardósia e o vinho?

A ardósia faz parte da família dos solos metamórficos, bem como o xisto e o gnaisse, por exemplo. Solos metamórficos foram transformados a partir de outro tipo de rocha por meio do calor e da pressão ao longo de milhões de anos.

A ardósia é frágil, por isso é quebradiça. Tem um pH quase neutro e pode apresentar diferentes texturas e cores, como marrom, vermelho, preto e azul.

Alguns locais onde existem solos de ardósia:

Priorato – Espanha:

No Priorato, nordeste da Espanha, existe um solo muito famoso, conhecido como llicorella. Consiste em camadas de ardósia vermelha com pequenas partículas de mica que brilham quando o sol bate. Esse solo tem uma importante função para os vinhedos:  auxilia no amadurecimento das uvas devido à sua capacidade de conservar e refletir calor para as uvas. Adicionalmente, a profundidade do solo no Priorato permite que a água seja retida e que, com isso, tenha quantidade suficiente para ser usada durante a temporada de crescimento.

Por lá, existe uma alta quantidade de vinhas velhas e o solo é muito pobre em nutrientes. Culminando, assim, em baixos rendimentos das videiras e em vinhos complexos e intensos. Então, se ainda não provou um vinho do Priorato, saiba que vale a pena!

Mosel – Alemanha:

Outro local onde o solo de ardósia é marca registrada é na Alemanha, especificamente no Mosel. Os pedaços de ardósia são grandes, largos e possuem muitas cores diferentes. Lá eles não fazem distinção entre ardósia e xisto, chamam de schiefer. Cerca de 50% dos vinhedos estão em locais íngremes e socalcos, com inclinações que podem chegar a 70º.

O uso de máquina é quase impossível, por isso, a maior parte das uvas são colhidas manualmente. Sendo assim, cada videira deve estar amarrada e há um trabalho extra de carregar de volta a ardósia que foi arrastada com as chuvas de inverno. No entanto, ardósia e Riesling formam uma dupla e tanto, fazendo com que todo o trabalho no vinhedo valha a pena para dar vida a vinhos elegantes. Com excelente tensão ácida, que mescla nuances florais, frutas verdes e cítricas. Em Rheingau o solo de ardósia também aparece, não com a força que vemos em Mosel.

Faugères – França:

Na França, as formações rochosas de ardósia dos Monts de Faugères surgiram na era Paleozóica (há 300 a 350 milhões de anos), a partir de depósitos de argila e areia. Assim como ocorre no Priorato, o solo possui boa capacidade de retenção de água, fator que ajuda muito no caloroso sul da França, como em Faugères, uma AOC de Languedoc.

Coastal Region – África do Sul:

Na África do Sul existe uma diversidade imensa de solos e a ardósia é um tipo presente, como em Coastal Region, um dos exemplos é em Cederberg Vineyards. No local onde a propriedade possui os vinhedos os solos são bastante heterogêneos dentro de uma pequena área o que permite brincar com essa geologia e elaborar vinhos diversos e complexos.

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