Evolução x Petróleo
Casta muito aromática, que resiste bem a invernos rigorosos, amadurece cedo mas brota tardiamente, contornando as geadas de primavera. Tem pele fina, alta acidez e, quando amadurece, pode produzir também bastante açúcar sem perder a acidez. Isso permite a produção de vinhos com ampla variedade de estilos, desde secos com baixo teor alcoólico, até muito doces, passando também por espumantes. Tem tendência a exibir um caráter mineral, e a sua ampla paleta de aromas varia bastante de acordo com o terroir onde cresce, podendo mostrar cítricos, pêssego, damasco, abacaxi, flores como madressilva e jasmim, entre muitas outras nuances. Adicionalmente, pode adquirir um aroma químico que está associado ao petróleo e à gasolina. Quando a casta é exposta à temperatura elevada ou ao estresse hídrico, a Riesling produz substâncias chamadas carotenóides que atuam como protetoras contra esses fatores adversos. A partir dos carotenóides podem surgir outras moléculas químicas como o TDN (1,1,6-Trimetil-1,2-Di-hidronaftaleno) , composto que dá o aroma químico relacionado ao petróleo e à gasolina. Durante o envelhecimento, moléculas de carotenóides ainda são capazes de originar TDN e como os aromas frutados se tornam mais atenuados, o caráter químico torna-se mais evidente na taça.
A grande referência para Riesling é a Alemanha, onde o caráter do vinho final pode variar substancialmente. Uma regra de bolso é considerar dois “extremos” (que não são tão extremos assim, já que ambos estão entre as latitudes 49° e 50°!): a fria Mosel, com vinhos de extrema delicadeza, menor teor alcoólico, predominância de aromas cítricos e florais e muita mineralidade; o quente Pfalz, com aromas de frutas de caroço e tropicais, e um vinho mais encorpado. Regiões como Nahe e Rheinhessen também têm grande reputação para Riesling e podem produzir entre estes dois estilos extremos, além de Rheingau, talvez a mais prestigiada da Alemanha quando o assunto é Riesling, devido às suas condições ideais para o amadurecimento e concentração de sabores nas uvas.
Ainda no velho mundo, há duas regiões que se destacam por aromas e sabores bastante concentrados e mais maduros, e que tendem a ter mais corpo. Wachau, na Áustria, com seus terraços inclinados na beira do Danúbio e orientados ao sul; e Alsácia, na França, que é protegida da umidade do Atlântico pelas montanhas Vosges.
Por fim, no novo mundo, destacamos Clare e Eden Valley na Austrália (cítricos bastante pronunciados e notas terciárias que surgem rápido), Finger Lakes nos EUA (corpo leve e muita mineralidade) e algumas regiões do Chile, como San Antonio e Curicó (com mais corpo, próximo ao estilo da Alsácia).
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