Uruguai
É sempre irresistível fazer um paralelo entre o Uruguai e sua emblemática Tannat com a Argentina e sua Malbec. Esta não é necessariamente uma comparação vulgar e simplificadora, porque diz muito não somente a respeito de adaptabilidade ao clima, mas também de estratégias comerciais. O Uruguai está dando um banho de estratégia e posicionamento, para muito além da Tannat.
Assim como o clima ensolarado da Argentina deu uma “amaciada” na Malbec que é bebida no sudoeste da França, no Uruguai as condições climáticas levam a um vinho de Tannat mais encorpado e com taninos mais aveludados em comparação, por exemplo, a um Tannat de Madiran, França. São vinhos mais fáceis de beber e que também estão prontos para consumo mais rapidamente.
Mas o paralelo com a Argentina para por aí, sobretudo porque o clima é bem diferente. No Uruguai 90% dos vinhedos se localizam nos quatro departamentos de Montevideo, Canelones, San José e Florida, todos próximos da costa e com solos predominantemente argilosos. A incidência de sol é alta, porém as condições são muito mais úmidas e o que arrefece a temperatura no Uruguai não é a altitude, mas as correntes do Antártico que esfriam o Oceano Atlântico Sul. Dessa forma, as noites são geralmente bastante frescas, retardando o amadurecimento das uvas e trazendo uma boa dose de acidez.
Nesse contexto, produtores tradicionais e uma nova geração estão revolucionando o cenário, experimentando novas castas e explorando diferentes terroirs. Alguns exemplos são a ascensão da uva Alvarinho, que tem feito belos vinhos nas mãos de produtores como Bouza, ou então experiências muito bem-sucedidas “à la Vale do Rhône”, como na vinícola Alto de la Ballena, que explora solos mais calcários e um microclima mais frio para fazer um blend Tannat-Viognier, além de vinhos excelentes de Syrah com estilo mais próximo a Côte-Rôtie. Por fim, temos também o desenvolvimento de novas regiões, como Rivera, vizinha da Campanha Gaúcha, e Maldonado, vizinha às regiões mais tradicionais. E é justamente em Maldonado que se encontra a vinícola Garzon, que ganhou em 2018 o prêmio de melhor vinícola do ano no novo mundo, pela revista Wine Enthusiast e em 2020 ficou em 2º lugar na categoria World’s Best Vineyards 2020, o concurso que premia os melhores vinhedos do mundo. As incríveis instalações e experiências da Garzón têm projetado os vinhos do Uruguai no mundo, e quando conversamos com os pequenos produtores, percebemos uma admiração e orgulho generalizados por este trabalho. Olho neles 😉
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