Viticultura

Vinhas velhas produzem vinhos de melhor qualidade?

Publicado em 18 de setembro de 2019
Atualizado em 01 de abril de 2023
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Vinhas velhas, old vines, vieilles vignes, viñas viejas, alte reben referem-se ao mesmo tema em diferentes países. Uvas colhidas em vinhas velhas produzem, de fato, uvas e vinhos com maior qualidade? Além do entendimento de qualidade variar de uma pessoa para outra, podemos dizer que os seguintes adjetivos norteiam um vinho de qualidade: harmonia, comprimento, intensidade, complexidade, capacidade de envelhecimento e tipicidade, principalmente. Há também muitos produtores que aproveitam do tema para gerar um marketing maior e agregar valor ao produto. Muitas vezes é o próprio produtor que “classifica” sua vinha. Um viticultor pode referir como vinha velha uma que tenha 40 anos e um outro uma que tenha 20-25 anos. Raramente existe uma legislação que rege e define esse conceito, nem na França que o sistema AOC é rigoroso tanto na viticultura quanto na enologia não há legislação referente à idade da videira. Uma das únicas regiões que têm regulamento acerca do assunto é Barossa, na Austrália. São 4 categorias:

  • Barossa Old Vine – Vinhas com idade igual ou maior a 35 anos
  • Barossa Survivor Vine – Vinhas com idade igual ou maior a 70 anos
  • Barossa Centenarian Vine – Vinhas com idade igual ou maior a 100 anos
  • Barossa Ancestor Vine –  Vinhas com idade igual ou maior a 125 anos

Existem pouquíssimos estudos nessa área que definem se, verdadeiramente, a idade da videira influencia na qualidade do vinho. Produtores que acompanham a viticultura in loco costumam ser grandes defensores das vinhas velhas. Kostis Dalamaras, que cuida dos vinhedos de sua família em Naoussa, na Grécia, afirma que parcelas dessas videiras geram resultados superiores, com vinhos concentrados e, ao mesmo tempo, elegantes. Uma hipótese para justificar parte dessas singularidades na taça vem do aprofundamento das raízes no solo e do vigor controlado devido à idade avançada da vinha. O expert em vinhos italianos que escreve para o site da Jancis Robinson, Walter Speller, contou sobre o encontro com o produtor de Franciacorta da vinícola Arcari+Danesi. Arcari relatou sobre o sol excessivo nas vinhas neste ano de 2019; segundo ele, as videiras jovens sofreram muito com o calor, sem chuva por várias semanas, enquanto as vinhas velhas permaneceram praticamente inalteradas. Entretanto, uma importante tese de doutorado, defendida em 2017 por Dylan Grigg, estudou o efeito da idade entre vinhas de Shiraz relacionadas geneticamente. Foram realizadas comparações entre plantações de idades distintas, cuja média de diferença foi superior a 97 anos (as mais velhas tinham entre 93 e 168 anos e as mais novas tinham entre 6 e 28 anos). Um dos resultados abordou sobre o rendimento das videiras e, incrivelmente, as vinhas jovens apresentaram rendimentos menores quando comparadas às vinhas velhas e todas as vinhas foram influenciadas pela variação sazonal, independente da idade. Ainda nas videiras, o número das brotações não foram influenciadas pela idade das vinhas. Quanto às uvas, a composição das frutas não se diferenciaram de acordo com a idade e, sim, com a região onde estava. Sem dúvidas, são necessários mais estudos na área, com regularidade nos resultados para que tenhamos conclusões mais certeiras. Por enquanto, temos produtores que conseguem comprovar no campo a vantagem de colher uvas em vinhas com idades avançadas e, ao mesmo tempo, trabalhos acadêmicos que mostram que ainda é cedo afirmar tal superioridade das vinhas velhas.

 

 

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